Design Acessível vs. Inclusivo vs. Universal: Qual é a Diferença?

Design acessível, inclusivo e universal são abordagens complementares que transformam a forma como produtos digitais são pensados e desenvolvidos. Cada um oferece caminhos únicos para tornar interfaces mais humanas, eficientes e representativas. Neste conteúdo, você entenderá como aplicar essas estratégias para promover usabilidade, empatia e equidade desde o início do processo de criação.
Mulher em cadeira de rodas participa de reunião sobre design acessível, inclusivo e universal com equipe diversa em ambiente corporativo.

O termo design é amplamente utilizado, mas frequentemente mal compreendido quando se trata de criar experiências digitais verdadeiramente inclusivas.

Em um mundo digital que avança rapidamente, entender os diferentes tipos de design acessível, inclusivo e universal deixou de ser um diferencial e tornou-se uma responsabilidade para todos os profissionais de UX, UI e desenvolvimento de produtos.

Hoje, não basta que o design seja bonito ou funcional.

Ele precisa respeitar a diversidade humana, adaptar-se às necessidades específicas e promover o acesso irrestrito.

Isso significa aplicar abordagens específicas que contemplem as limitações físicas, sociais, culturais e sensoriais dos usuários.

Compreender as diferenças entre design acessível, design inclusivo e design universal é fundamental para construir produtos que não apenas funcionem bem, mas que funcionem bem para todos.

 

Design acessível: foco na usabilidade com adaptações

O design acessível é voltado para a criação de produtos que possam ser utilizados por pessoas com diferentes tipos de deficiência.

Ele se baseia em adaptações e acomodações específicas, garantindo que todos tenham acesso funcional à interface, mesmo com limitações motoras, visuais, auditivas ou cognitivas.

As Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG), do World Wide Web Consortium (W3C), definem quatro princípios fundamentais:

  • Perceptível: o conteúdo deve estar disponível para pelo menos um dos sentidos. Exemplo: imagens com texto alternativo.

  • Operável: todos os elementos devem ser acessíveis via teclado, mouse ou comandos de voz.

  • Compreensível: a informação deve ser fácil de entender e consistente.

  • Robusto: compatível com diferentes tecnologias assistivas, como leitores de tela.

Um exemplo prático é a utilização de botões grandes com alto contraste em sites e apps, o que beneficia tanto usuários com deficiência visual quanto idosos com visão reduzida.

Além disso, empresas que adotam o design acessível não apenas se tornam mais éticas, mas também ampliam seu alcance de mercado, cumprindo diretrizes legais como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI).

Veja também: Design Acessível: O Que É e Por Que É Tão Importante

 

Design inclusivo: criando com empatia e diversidade

Enquanto o design acessível responde a necessidades específicas com adaptações, o design inclusivo começa antes do problema: ele prevê a diversidade humana desde o início do processo de criação.

Trata-se de um mindset, uma filosofia que orienta o design para que ele acolha diferenças culturais, étnicas, sociais, de gênero e muito mais.

No design inclusivo, não se busca um “usuário médio”.

Em vez disso, considera-se a variedade de realidades existentes, partindo de uma abordagem interseccional que entende os indivíduos em sua totalidade.

Um exemplo impactante é o caso da empresa Atlassian, que modificou suas ilustrações visuais para representar pessoas de diferentes origens e etnias.

Isso não apenas reflete melhor seu público real, mas também comunica uma mensagem de acolhimento e representatividade.

Aplicar design inclusivo significa, por exemplo:

  • Evitar linguagem sexista ou capacitista.

  • Usar imagens com representações diversas.

  • Desenvolver fluxos que funcionem para públicos com diferentes níveis de alfabetização digital.

A acessibilidade faz parte do design inclusivo, mas este vai além da deficiência. Ele busca construir experiências humanizadas, que gerem conexão emocional e relevância social.

 

Design universal: projetando para todos, sem exceções

O design universal tem como princípio central criar produtos e ambientes que possam ser usados por qualquer pessoa, independentemente de suas capacidades, sem a necessidade de adaptação posterior.

Esse conceito foi desenvolvido por Ronald Mace, e seus sete princípios são a base de uma abordagem verdadeiramente abrangente:

  1. Uso equitativo: todos conseguem utilizar o produto da mesma forma.

  2. Flexibilidade no uso: adapta-se a diferentes preferências e habilidades.

  3. Uso simples e intuitivo: é fácil de entender, independentemente do background do usuário.

  4. Informações perceptíveis: apresenta as informações de forma clara, mesmo com limitações sensoriais.

  5. Tolerância ao erro: reduz riscos e consequências de erros operacionais.

  6. Baixo esforço físico: requer pouca força ou complexidade para uso.

  7. Espaço adequado: considera diferentes tipos de corpo e mobilidade.

 

Comparações e aplicações práticas

É comum confundir os três termos e realmente, eles têm pontos de interseção. Mas entender as diferenças entre design acessível, design inclusivo e design universal é crucial para aplicá-los corretamente em projetos reais:

 

Abordagem

Foco Principal

Quando Aplicar

Acessível

Adaptação para deficiências específicas

Quando há exigência legal ou público com deficiência predominante

Inclusivo

Representatividade, diversidade, empatia

Em produtos para grandes audiências diversas

Universal

Solução única que atende a todos

Em produtos físicos e digitais de uso amplo

 

🔎 Dica prática: em muitos casos, a combinação das três abordagens é o caminho mais eficaz. 

 

Design é inclusão, desde o início

Compreender e aplicar corretamente os conceitos de design acessível, design inclusivo e design universal é mais do que uma obrigação técnica, sendo uma atitude ética e estratégica.

Embora esses três pilares compartilhem o mesmo ideal de criar experiências para todos, eles seguem caminhos diferentes e complementares.

O design acessível garante que ninguém seja excluído por limitações físicas ou cognitivas.

O design inclusivo amplia o olhar para considerar identidades, culturas e vivências diversas.

Já o design universal busca soluções que funcionem para todos desde o princípio, eliminando a necessidade de adaptações.

Na prática, os melhores projetos são aqueles que integram essas três abordagens, equilibrando usabilidade, representatividade e simplicidade.

Afinal, o verdadeiro bom design é aquele que ninguém percebe como uma barreira, apenas como algo natural, útil e acolhedor.

Se você trabalha com produtos digitais, este é o momento ideal para revisar seus processos, olhar com mais empatia para os usuários e adotar uma mentalidade inclusiva desde o rascunho até a entrega final.

Porque, no fim das contas, design não é só como algo parece ou funciona, é sobre como ele faz as pessoas se sentirem incluídas.

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