Um sistema de design acessível é um conjunto de componentes, diretrizes e boas práticas que têm como objetivo garantir que produtos digitais sejam consistentes, inclusivos e utilizáveis por todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência.
Em termos práticos, trata-se de uma “caixa de ferramentas” que organiza cores, tipografia, botões, formulários, ícones e padrões de interação.
A diferença é que cada componente já é projetado considerando acessibilidade desde o início, em conformidade com normas como a WCAG (Web Content Accessibility Guidelines).
Assim, um sistema de design acessível funciona como um guia vivo, que evolui junto com os produtos e assegura que novas funcionalidades mantenham padrões de inclusão e usabilidade.
Os sistemas de design acessíveis não são apenas uma boa prática de design, são um requisito ético, legal e estratégico. Eis algumas razões que comprovam sua importância:
Segundo a OMS, 1 em cada 6 pessoas no mundo vive com algum tipo de deficiência, o que representa mais de 1,3 bilhão de indivíduos com poder de consumo. Ignorar esse público significa abrir mão de alcance, receita e relevância.
Ao estruturar um sistema de design acessível, é essencial considerar não apenas a estética, mas também funcionalidade, inclusão e manutenção a longo prazo. Entre os principais elementos estão:
Botões, menus, formulários e modais devem ser navegáveis por teclado, possuir estado de foco visível e serem compatíveis com leitores de tela.
Uso correto de HTML semântico que garante que tecnologias assistivas interpretem corretamente a hierarquia do conteúdo.
Paletas de cores devem respeitar proporções de contraste recomendadas (mínimo de 4.5:1 para texto normal). A tipografia deve ser legível, escalável e respeitar espaçamentos.
Documentação clara, com exemplos de uso correto e incorreto de componentes, ajuda a padronizar a aplicação e evita erros de implementação.
O sistema deve prever testes automatizados e manuais (com leitores de tela e usuários reais), assegurando que os padrões sejam mantidos mesmo após atualizações.
Estabeleça como referência inicial as WCAG 2.2 Nível AA, pois são as mais amplamente reconhecidas. Elas tratam de cor, contraste, navegação, multimídia, responsividade e mais.
Se já existe um sistema de design, faça uma auditoria. Identifique quais componentes já são acessíveis, quais precisam ser ajustados e onde há falhas de usabilidade.
Garanta que os elementos mais usados, como botões, links, campos de formulário e ícones, sejam claros, navegáveis e acessíveis. Inclua atributos como ARIA labels para leitores de tela.
Crie uma documentação acessível e visual, com exemplos de código, instruções de aplicação e recomendações de boas práticas. Isso facilita a adoção por designers e desenvolvedores.
Implemente testes automatizados (Lighthouse, Axe DevTools) e inclua usuários com deficiência no processo de validação. Isso garante que a teoria realmente funcione na prática.
Promova treinamentos e capacitações. A acessibilidade não deve ser responsabilidade de um único time, mas uma cultura compartilhada em toda a empresa.
Veja também: Design Acessível vs. Inclusivo vs. Universal: Qual é a Diferença?
Ao implementar sistemas de design acessíveis, algumas armadilhas são frequentes:
Empresas como Microsoft, Google e IBM já têm sistemas de design acessíveis consolidados. O Fluent UI (Microsoft), por exemplo, oferece componentes prontos para uso que seguem padrões de acessibilidade, facilitando a integração em diferentes produtos.
Outro caso é o Material Design (Google), que inclui diretrizes claras de acessibilidade para cores, tipografia e navegação, aplicadas em milhares de aplicativos no mundo todo.
Esses exemplos demonstram que investir em acessibilidade desde a base do design não só melhora a experiência dos usuários, como também fortalece a imagem da marca.
Os sistemas de design acessíveis são mais do que uma lista de boas práticas, são um compromisso contínuo com a inclusão, a qualidade e a responsabilidade digital.
Construí-los exige investimento inicial em auditoria, documentação e treinamento, mas os benefícios são inegáveis: produtos mais consistentes, usuários mais satisfeitos e marcas mais fortes e competitivas.
A acessibilidade não deve ser vista como uma obrigação, mas como uma oportunidade de criar experiências melhores para todos.
E, quanto mais cedo ela for incorporada ao processo de design, mais natural e eficiente se tornará.
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